Segurança Viária: Novas Tecnologias
- grupogalvaosinaliz
- 8 de dez. de 2020
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Atualizado: 17 de dez. de 2020

Estanislau Marcka, Silvio Ciampaglia e Helio Moreira
Após a abertura do “Seminário sobre Segurança Viária: Novas Tecnologias”, feita pelo presidente do SINICESP, engenheiro Silvio Ciampaglia, seguiram-se duas exposições, feitas pelo engenheiro Hélio Moreira, superintendente do Comitê de Brasileiro de Transporte e Tráfego da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, e pelo diretor de Engenharia do Departamento de Estradas de Rodagem – DER, engenheiro Estanislau Marcka. Ainda no período da manhã, mais três palestras no Painel “O Estado da Arte da Sinalização em Rodovias”, proferidas pelos especialistas Ulysses Carraro, David Calavia e Alberto Gadioli. À tarde, falaram os consultores Mike Dreznes, Nelson Mattos e Mário Fiamenghi.
O superintendente do Comitê de Transporte e Tráfego da ABNT, Hélio Moreira, destacou que o trabalho realizado tem como objetivo estabelecer normas que possibilitem uniformidade e eficiência ao processo de sinalização e possibilitar ao usuário das vias o direito de ir e vir com segurança. Esclareceu que o órgão atua desde 1940 sendo responsável por toda normalização no Brasil. Lembrou que a norma representa a maioria dos fabricantes e que as vítimas de trânsito podem se valer, inclusive do Código de Defesa do Consumidor.
Novas técnicas e metodologias
Para o diretor de Engenharia do DER, Estanislau Marcka, entre os compromissos do Governo do Estado de São Paulo, uma função primordial é a de divulgar e disseminar novas técnicas e metodologias. “São importantes para o Departamento de Estradas de Rodagem. Dão ao órgão características de sustentabilidade”- afirmou. Disse, ainda, que há empenho na questão do meio ambiente, inclusive com o resgate de procedimentos para os novos contratos. Assegurou ser necessário o uso de produtos que protejam o meio ambiente, utilizando-se materiais menos agressivos, como asfalto morno e asfalto com borracha. A nova política do DER-SP contempla o conceito de carbono zero ou o plantio de árvores. Busca-se, assim, a sustentabilidade social. Estanislau Marcka enfatizou que a sinalização tem fator preponderante, pois proporciona segurança aos usuários. Concluiu afirmando que está em curso programa de recuperação de 140 obras de arte especiais e 400 pontos de travessia de pedestres.
Redução de acidentes
Abordando o tema “Influência da Sinalização na Segurança Viária”, Ulysses Carraro informou que, em 2009, foram registradas 1,3 milhão de mortes nas rodovias de 178 países. Destacou que é preciso investir na melhoria das rodovias, sinalizá-las adequadamente e educar os motoristas. Lembrou que o tempo de decisão, dependendo da velocidade, é muito rápido, impedindo manobras seguras.
David Calavia, da AETEC de Madri, disse que há preocupação constante na Europa, incluindo a utilização de materiais, normalização de produtos e controle. Afirmou ser importante poder identificar e ter visão rápida. Fatores que capacitam a decidir. Para ele, a sinalização horizontal é amiga do condutor nas rodovias. “As ações empreendidas – enfatizou – retornam em forma de benefícios, o retorno é garantido”.

Alberto Gadioli, David Calavia e Ulysses Carraro
“Sinalização vertical como fator de segurança viária” foi o tema de Alberto Gadioli. Para ele, a sinalização cumpre a missão de informar, direcionar, prevenir e aumentar a segurança. Deve, obrigatoriamente, ser visível durante o dia e à noite. Hoje, comentou, existe tecnologia que permite retorno da luz para a fonte de emissão. A evolução tecnológica possibilita garantia de segurança.
Adequar para perdoar
As estradas brasileiras precisam ser preparadas para ‘perdoar’ as falhas dos motoristas, isto é, a incorporarem recursos tecnológicos que façam com que, mesmo após os erros, que os motoristas nunca deixarão de cometer, eles não sejam ‘punidos’ com a perda da vida. Ao contrário, as rodovias devem ter amortecedores de impacto, postes colapsíveis e defensas que sofram deflexão quando de uma batida, impedindo que o corpo humano seja submetido a um choque de alta energia capaz de romper o baço ou o fígado, por exemplo.
A tese, amplamente ilustrada com fotografias e vídeos de acidentes em vários países, foi exposta por Mike Dreznes, da “Barrier Systems”, de Chicago, na primeira palestra da tarde. O expositor disse que a cada ano o mundo perde 1,3 milhão de pessoas que morrem em acidentes automobilísticos, o que equivale a cada dia à morte de todos os passageiros de nove Boeings-747.

Mario Fiamenghi, Mike Dreznes e Nelson Mattos
“No Brasil, as mortes somam de 35 a 50 mil por ano, aproximadamente o mesmo número dos Estados Unidos”, e é devido a essa situação que a ONU lançou a “Década de Ação pelo Trânsito Seguro”, que irá até 2020. Para Mike Dreznes, a Segurança Viária se baseia em três pontos, a segurança do veículo, que tem melhorado muito nos anos recentes, as rodovias, para as quais há importantes inovações tecnológicas e o motorista que, apesar de educado, por ser humano, vai continuar cometendo erros potencialmente perigosos. É por isso que sua tese é que se torna necessário ter “rodovias que perdoam” os erros do motorista, mas isso ainda não acontece em todos os países, onde 30% dos acidentes fatais decorrem de falhas e erros nas rodovias. As ações para tornar as rodovias mais seguras incluem desde a retirada das árvores da proximidade imediata da pista, passando pelo abandono do aço usado nos postes, que devem ser colapsíveis, presos por parafusos que se rompem ao impacto de um carro, até os amortecedores de impacto que reduzem paulatinamente a velocidade do veículo, dos quais o mais indicado é o amortecedor tipo sanfona, de polietileno de alta densidade e que pode inclusive ser reutilizado. Depois de viajar por inúmeras rodovias brasileiras, o orador registrou defensas com ancoragem abatida, que funcionam como uma rampa de decolagem para o carro que as atinge e cabines de pedágio com barreiras de concreto que protegem quem trabalha no local, mas constituem risco de morte para o motorista. Dreznes constatou também defensas presas a pilares concretados, o que impede que cedam diante de um impacto e também certa resistência à mudança por parte de quem responde pelo projeto das estradas, que devem ser detalhistas em relação à segurança. Auditoria de segurança viária O segundo orador da tarde foi o consultor Nelson Mattos que, nas auditorias que realiza, constantemente identifica falhas que podem levar à perda de vidas e que, todavia, poderiam ser facilmente eliminadas. Ele citou canaletas que precedem a defensa e não o contrário, como é recomendado, defensas unidas a pilares de cabeceira de viadutos de forma inadequada e defensas fixadas em pilares implantados no solo em buracos feitos por brocas.
Para ele, o Brasil está parado na década de 70 em relação às defensas, que geralmente não são previstas nos projetos. Não há ensaios nem normas adequadas, disse ele, enfatizando que o investimento em segurança viária é altamente compensador, à medida que poupa vidas e evita que o Estado despenda por décadas inteiras recursos para sustentar vítimas de acidentes de trânsito que se tornaram incapacitadas.
O último orador do “Seminário Sobre Segurança Viária: Novas Tecnologias” foi Mário Fiamenghi, que discorreu sobre “A Evolução do Segmento de Sinalização no Brasil”. Ele lembrou que só em São Paulo há 3,5 mortos por dia no trânsito, e quase metade desse índice corresponde a motociclistas.
Fiamenghi afirma que “a sinalização bem executada pode poupar vidas e, portanto, tem que ser considerada como um serviço especializado e não como mero apêndice da obra”. Infelizmente, porém, a segurança não foi devidamente levada em conta em obras do passado, insistiu o orador, lembrando que enquanto a Rodovia dos Bandeirantes tem apenas 4 acessos entre São Paulo e Campinas, a antiga Anhanguera, no mesmo trajeto, tem 131 acessos, o que evidentemente se reflete no nível de segurança.
Para o orador, é vital que se use sinalização mais pictórica que gráfica, “pois talvez 50% dos nossos motoristas são analfabetos e incapazes de ler uma mensagem um pouco mais longa, embora teoricamente tenham que saber ler perfeitamente para tirar carta”.
No correr de sua exposição o orador relatou a evolução dos materiais usados na sinalização, as tachas com LED, as placas variáveis com prisma, o plástico a frio de alto relevo, os painéis com mensagem variável, que nos seus primórdios eram acionados via celular e a evolução mais recente, quando placas metálicas, que poderiam causar ferimentos graves quando do impacto de veículos, foram substituídas por material reciclado, feito a partir de caixas de leite longa vida e de sucos, por exemplo.
FONTE: http://sinicesp.org.br/
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